domingo, março 19, 2006

Uma criança, um nome

Era uma vez um menino chamado "Era uma vez". Por que sería que sua m?e lhe deu esse nome? Todo mundo perguntava e ele n?o compreendia. A m?e de Era uma vez, apenas dizia que era um lindo nome que ela escutou no rádio.
Um dia, Era uma vez começou a se lembrar dos amigos da escola que também tinham nomes esquisitos como o seu: Micael, Maike, Ueliton, Diones, Dionatas, Elvis Lennon, 1-2-3, 1-2-3-4, Maniluana,
Bariane
, Dayg Liry, Garcy Kelly, e se perguntava sem parar, o por que do escriv?o do cartório deixar fazer tais registros? Permitiam que tantas crianças crescessem tristes, com vergonha do próprio nome! Tudo por preguiça de explicar a m?e ou ao pai, que isso n?o era nome que se desse a um pequenino. Tanto nome bonito, Jo?o, Carlos, Mónica...
Carregar esse peso, n?o era tarefa t?o fácil. Ele sabia disso e cada vez que alguém perguntava o seu nome, ficava morto de vergonha. Cochichava, falava bem baixinho, olhava para o ch?o, timidamente. O interlocutor sempre pedia para que ele repetisse, pois n?o havia entendido: Simmm! Fala mais alto, menino!
Como aquilo doí­a!
Um nome pode trazer traumas e nem todo mundo tem dinheiro para pagar um advogado e trocar esse selo.
Era uma vez era uma criança triste. N?o conhecia nenhum xará daquele seu nome que a m?e escutou no rádio.
Ent?o, teve uma grande ideia: adotar outro nome, mesmo que só da boca para fora. Chamar-se-ia Zev Amu Are, seu nome escrito ao contrário e diria para todo mundo que era seu nome em árabe.


Autor: Claudia Villela de Andrade